Minha vida profissional na Psicologia me conduziu a conhecer, nos últimos 28 anos, a abordagem Analítica de Carl Gustav Jung e nesta trajetória um sonho foi, pouco a pouco, sendo construído: conhecer o local em que esta figura genial construiu sua vida e suas ideias.
Em junho deste ano, tive a oportunidade de realizar este sonho e viver intensamente três dias em Zurique. Conheci a casa em que Jung viveu uma parte importante de sua vida, assim como o “CG Jung Institut Zürich” e até participei de uma palestra proferida por um analista em formação. Muito transformadora esta experiência de poder conhecer um país e um povo diferente, com costumes e hábitos distintos, desfrutar de uma estrutura promotora de sensações boas.
Isto me ajudou a compreender o ambiente no qual Jung conseguiu desenvolver seus pressupostos, ideias e conceitos. A Suíça é um país desenvolvido, organizado e seu povo me pareceu muito feliz. Fiquei hospedado em Adliswil (uma comuna no Cantão de Zurique com cerca de 15.000 habitantes). Ao chegar, logo na saída da estação de trem (a caminho da hospedagem) me deparei com uma cena que marcou minha viagem e me fez ampliar o entendimento do significado de educação para autonomia. Nesta cena, ao atravessar uma rua avistei um grupo com aproximadamente oito crianças (todas andando em uma espécie de fila indiana, com todo traje e equipamentos de segurança de um ciclista) com suas bicicletas seguindo um policial.
Num determinado momento o policial parou (e seus pequenos seguidores também), desceu de sua bicicleta e começou a explicar aos meninos e meninas (cuja faixa etária girava ao entorno de oito anos de idade) algumas coisas sobre como conduzir suas bicicletas nas ruas. Durante suas explicações o policial era atentamente observado por todas as crianças e percebi que a admiração por ele é que ataria a atenção delas.
Estavam ali sendo educadas para a autonomia de ir e vir, já nesta tenra idade.
Foi possível observar também, que lá as crianças desta idade transitam livremente pelas ruas, desacompanhadas de adultos e desta forma desfrutam da liberdade de passear, estudar e brincar com uma autonomia de causar inveja.
Em todos os cantos que conheci da cidade foi possível perceber que as pessoas tem grande preocupação não só com a educação, mas também a natureza e bem estar. Os rios são limpos e vivos (fauna e flora preservadas), as ruas, casas e estabelecimentos públicos e comerciais exibem com muita beleza a preocupação e os cuidados com as plantas e animais.
Tive a impressão de que ali, cada cidadão sente como “seu”, tudo que é público, assim preocupa-se e demonstra prazer em cuidar dos mínimos detalhes.
Estas, e muitas outras percepções, me fizeram pensar que Jung foi mesmo privilegiado (claro: guardadas as devidas proporções de época), por dispor de condições favoráveis para desenvolver e realizar suas potencialidades, construindo uma representação do ser humano que conseguimos ver e sentir em sua obra.
Sensacional!!! Pude caminhar pelo bairro em que viveu esta pessoa tão importante para mim, conhecer e sentir a atmosfera da casa em que morou e construiu certa parte de seus escritos e ideias… uma experiência indescritível!!!
Espero ter a oportunidade de voltar, e também desejo que todos os que se interessam pela obra de Jung igualmente possam experimentar isto, é muito enriquecedor!
Que Maravilha!!!
Parabéns…e obrigado por compartilhar essa experiência ímpar.
Abraços